CDU Linha Voto 2015

A informação política do Sr. Presidente sobre a mais recente actividade municipal, não tem novidades. Mantém a marca da política do “celofane” ou do “embrulho”, como se queira, a que privilegia a propaganda, apresentando como novidade e ideias futuristas o que afinal não passa de meras cópias de importação, travestidas para uso doméstico, servidas em sonantes consignas, como o ”Viseu Primeiro”, o “Viseu Educa”, o ”Eu Gosto do Meu Bairro”, o “Viseu Investe”, o “Viseu Terceiro” o “Ano Oficial para Visitar Viseu”. O que fica, depois de tirada a fita-cola e aberta a caixa? O que faz o poder local por todo o País, com menos ruído e espalhafato, mas não menos eficácia.

Tomemos como exemplo a campanha “2017, Ano Oficial para Visitar Viseu” que, nas palavras lidas, “visa reforçar o crescimento turístico, a reputação e a notoriedade do seu destino”.

Ano Oficial para Visitar Viseu” é um slogan simpático, que se aceita. Mas não é novidade. Regiões como a Madeira e cidades como Braga (ainda recentemente, tivemos oportunidade de ver a publicidade “visit Braga” nas camisolas do clube de futebol local) assumiram há anos esse desígnio. Estas campanhas, em minha opinião, para além dos rios de dinheiro gastos na promoção, deviam ser uma oportunidade para suprir carências e dotar o Concelho de infraestruturas em falta. Um exemplo…

Imaginemos um turista amante da natureza, encantado com a ideia de uma cidade jardim, que sai de casa de mochila às costas por ter aceite o “convite” inserto em jornais nacionais, rádios e televisões, para “Visitar Viseu”. Em que parque de campismo do concelho pode montar a tenda? O mesmo se pode perguntar a respeito de um caravanista. Em que parque seguro e apetrechado pode pernoitar? No Almargem não, porque as obras que eram para inaugurar em Setembro pararam e não se sabe quando recomeçam. Em Vale de Cavalos, também não, porque as obras nunca arrancaram. No Fontelo … pois, só com uma cunha ao Baden Powell.

Mas vamos receber com glamour os turistas endinheirados, os bons, os que se instalam em hotéis e pousadas, com tempo e gosto por vindimas e provas vínicas.

Sendo que 2017 já tem campanha, que 2018 seja o ano oficial para construir equipamentos indispensáveis a uma oferta turística diversificada.

Ainda na informação do senhor Presidente enfatiza-se o crescimento turístico verificado no Concelho, associando-o ao brilhantismo e audácia da promoção e aos eventos patrocinados pelo executivo. Temos de tirar isto a limpo. É que a Entidade Regional de Turismo Centro de Portugal chama a si esse mérito, ao anunciar que a Região Centro, globalmente, teve o terceiro maior crescimento do País, referindo como indicadores a Serra da Estrela, Coimbra, Figueira da Foz, Fátima, sem nunca mencionar neste ranking Viseu. Já o INE – Instituto Nacional de Estatística – diz que o mérito foi mesmo de Portugal, que teve o maior crescimento turístico de sempre. Em que ficamos?

O Projeto/Programa “Eu Gosto do Meu Bairro” é outro exemplo acabado de demagogia, transformando responsabilidades institucionais da Câmara e das freguesias em “espantosas campanhas de recuperação de bairros”.

É óbvio que em ano de eleições dá muito jeito fazer umas obrazitas, pôr as máquinas e o pessoal a mostrar-se na rua, mesmo que seja apenas para o arranjo da calçada, do banco do jardim, do candeeiro de iluminação pública. Mas não são estas obras tarefas e obrigações permanentes da Câmara Municipal e não é seu dever dotar as freguesias de meios financeiros e técnicos que permitam a estas tratar a todo o tempo da manutenção das suas ruas e espaços públicos?

Sendo que a Câmara leva quatro anos de mandato, porquê só a escassos meses das eleições colocou na sua ordem de prioridades a intervenção nos bairros? Foi por falta de dinheiro? Não. Foi por falta de projectos. Pelos vistos também não. Só resta a falta de vontade política. Reparem na obrigação das “obras estarem prontas nos próximos 5 meses”, mesmo a tempo de serem inauguradas. “Mas este é todavia um plano de ação “aberto”, que receberá outras iniciativas a concretizar a partir de 2019”, diz a informação. Como pode prometer obras para 2019 se ainda nem sequer foi eleito para novo mandato? Este anúncio assume-se como uma peça de refinada chantagem, ao jeito de: “se queres obras no teu bairro, vota em mim em Outubro”.

É que as carências vão muito para lá das obras anunciadas. Mesmo na “coroa urbana” há muito que as populações reclamam colocação de saneamento e arranjo de ruas, por exemplo, no Bairro da Floresta, em Rio de Loba, na Rua da Mina, do Mieiro, de Nª Sª da Vitória, do Chão do Mestre, em Abraveses, em Passos de Silgueiros continua sem resposta datada a resolução do problema dos maus cheiros e pragas de insetos causados pela Fossa Séptica, já aqui trazido de viva voz pelos moradores.

A Radial de Santiago passou a ser a “menina dos olhos” do Executivo e faz lembrar aquela apreciação de Aquilino Ribeiro sobre o seu romance “A Casa Grande de Romarigães”. Dizia o Mestre: “estava a fazer um gamelo para o cão e saiu-lhe uma viola. A Radial nasceu para Feira Semanal e vai crescendo como Parque Urbano. É positivo. Ao contrário, a Mata do Fontelo nasceu como Parque Urbano e plumão da cidade e está progressivamente a transformar-se em espaço degradado e abandonado. Fica a ideia de que o investimento na Radial se faz à custa do desinvestimento no Fontelo. Recentemente voltei a este espaço natural da cidade e fiquei desapontada com o nível de degradação do circuito de manutenção e com o desaparecimento dos aparelhos destinados à atividade física, que estiveram instalados junto aos balneários. Pude igualmente constatar que do anunciado projecto de intervenção (sempre os anúncios prematuros) no Parque do Fontelo, que falava na recuperação das fontes, das ruínas da capela, da catalogação das espécies arbóreas, nada está feito. Só posso lamentar e reclamar que o projecto seja executado e que no imediato sejam devolvidos ao Parque os aparelhos retirados, beneficiado o Circuito de Manutenção e que ali sejam igualmente instalados outros equipamentos inclusivos. Sem esquecer a disponibilização do Desfibrilhador, para eventual socorro vital, em caso de acidente cardíaco dos desportistas ou frequentadores, como já propus nesta Assembleia.

Outros locais existem na cidade a merecer cuidados com as árvores e jardins. Refiro como exemplo o Bairro de Santa Eulália e o bairro da Caixa onde dezenas de árvores estão secas há vários anos.

O Governo fez bem abrir às autarquias a possibilidade de se candidatarem a fundos europeus para recuperarem escolas por todo o país. Mas tarda em demasia a intervenção nas escolas Viriato e Grão Vasco.

Sobre os orçamentos participativos já aqui falei noutras ocasiões. Mantém-se a tendência para valorizar a quantidade em vez da qualidade: “o maior orçamento participativo jovem escolar do país”. Indesmentível, indesmentível é termos o maior orçamento municipal do País em propaganda e mistificação.

Viseu, 20/02/2017

A Eleita da CDU na A.M de Viseu

Filomena Pires