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Categoria: Gabinete de Imprensa

“Sem os valores de Abril não há saída para Portugal uma afirmação proferida por Manuel Rodrigues no passado dia 31 de janeiro no Espaço Grémio-Bar, no decorrer do debateA Revolução de Abril: o passado e o presente”. A iniciativa, da responsabilidade da Comissão Concelhia do PCP de S. Pedro do Sul, decorre da comemoração do Centenário do nascimento de Álvaro Cunhal evocado em 2013.

A ocasião permitiu lembrar a repressão vivida durante o regime fascista, o papel da resistência antifascista, as conquistas de Abril e a necessidade de continuar a lutar por direitos então conquistados e hoje tão ameaçados.

Manuel Rodrigues, membro da Comissão Política do Comité Central do Partido Comunista Português, lembrou a importância do PCP e de muitos democratas no derrube da ditadura e na conquista de direitos como a liberdade sindical, o direito à negociação e a contratação coletiva; a liberdade de reunião, de manifestação, de associação, de expressão e de imprensa; o direito à greve; as eleições livres e a livre formação de partidos; o salário mínimo nacional, o subsídio de desemprego, pensões e reformas a todos generalizadas; o direito à saúde, à educação e à segurança social, a liberdade de criação e fruição cultura. Lembrou a fome e a miséria vividas antes da revolução bem como a parca proteção social então existente.

A igualdade de direitos entre homens e mulheres foi particularmente frisada, lembrando que o direito à licença de maternidade é uma conquista de Abril, só possível porque homens e mulheres, unidos, lutaram para que fosse possível.

A experiência pessoal de alguns presentes foi evocada, nomeadamente através da referência às manifestações que ocorreram em S. Pedro do Sul na sequência da revolução dos cravos. O papel desempenhado pelo Cénico na dinamização cultural da região não foi esquecido, evocando Jaime Gralheiro algumas das experiências vividas nas aldeias da região, aquando da representação teatral então dinamizada.

A terminar, Manuel Rodrigues e João Carlos Gralheiro assumiram o papel de atores, lembrando tempos em que ambos pisaram os palcos para representar o Auto da Barca do Inferno. No prazer manifestado se evidenciou a importância de criar cultura, a decisiva relevância de estruturas locais garantirem esse serviço, em liberdade de expressão e fruição. Foi esse papel importantíssimo desempenhado no contexto da revolução pelas mais diversas associações, numa dinâmica popular de modificação profunda do país, que João Abreu, membro do Comité Central do PCP, fez questão de lembrar. Evocou ainda o papel decisivo desempenhado pelo serviço de medicina à periferia, condição de especialização para os médicos portugueses, no acesso a cuidados de saúde. Para muitos habitantes do interior esta terá sido a primeira ocasião de “ir ao médico”, o que só foi possível com a revolução de 1974

A evocação do passado foi motivo para afirmar que não há saída para a atual situação que se vive no nosso país, de pobreza e desigualdade crescentes, emigração de mão-de-obra altamente qualificada e perda de direitos elementares à pessoa humana, sem os valores de Abril.

Até ao final desta semana, é ainda possível visitar a exposição que dá a conhecer os Desenhos da Prisão da autoria de Álvaro Cunhal no Espaço Grémio-Bar.